Caio Ferreira, Leandro Perdigão e Emmanuel Chaves • 10 ago 2023

Inversão de Fluxo de Potência

As concessionárias têm barrado projetos de sistemas fotovoltaicos de micro e minigeração alegando inversão de fluxo de potência. Entenda o que é inversão de fluxo de potência e como proceder com base nas normas vigentes.

Geração
Inversão de Fluxo de Potência

A inversão do fluxo de potência é um fenômeno que ocorre quando os sistemas de geração, como os sistemas fotovoltaicos, produzem mais energia do que está sendo consumida em um determinado momento. Isso significa que o excesso de energia gerada é direcionado para a rede elétrica, em vez de ser consumido localmente. Esse fenômeno é especialmente comum em sistemas fotovoltaicos, pois a produção de energia solar está diretamente ligada à disponibilidade de luz solar.

O surgimento da inversão do fluxo de potência representa um marco importante na transição para uma matriz energética mais sustentável. No passado, a rede elétrica operava exclusivamente com fluxo unidirecional, ou seja, a energia era gerada nas usinas e transmitida para os consumidores. Com a introdução de sistemas de geração distribuída, como os sistemas fotovoltaicos em telhados residenciais e comerciais, a dinâmica mudou.

A inversão do fluxo de potência traz uma série de implicações positivas e desafios para as concessionárias e o sistema elétrico como um todo:

Vantagens:

  • Redução de perdas: A geração próxima aos pontos de consumo diminui as perdas de transmissão, uma vez que a eletricidade não precisa percorrer grandes distâncias.

  • Eficiência energética: A utilização direta da energia gerada localmente evita a necessidade de transportar energia de longas distâncias, economizando recursos.

  • Sustentabilidade: A geração distribuída ajuda a reduzir a dependência de fontes não renováveis, diminuindo as emissões de gases de efeito estufa.

  • Resiliência: Para sistemas híbridos (com a presença de baterias), em caso de falhas em partes da rede elétrica, esses sistemas de geração distribuída podem continuar a fornecer energia localmente.

Desafios:

  • Estabilidade da rede: A inversão do fluxo de potência pode causar variações na tensão da rede, o que demanda um planejamento cuidadoso para evitar instabilidades.

  • Gerenciamento: As concessionárias precisam lidar com a intermitência da geração fotovoltaica e garantir um equilíbrio entre a geração e o consumo em tempo real.

  • Regulamentação: A legislação precisa se adaptar para acomodar a geração distribuída e estabelecer regras claras para compensação e integração à rede.

https://youtu.be/hO7iNNH0bBM

O que diz a norma?

Quando a concessionária identifica fluxo de potência injetado, é essencial seguir a análise dos cinco pontos do artigo 73 da REN 1000/2021.

§ 1º Caso a conexão nova ou o aumento de potência injetada de microgeração ou minigeração distribuída implique inversão do fluxo de potência no posto de transformação da distribuidora ou no disjuntor do alimentador, a distribuidora deve realizar estudos para identificar as opções viáveis que eliminem tal inversão, a exemplo de: (Incluído pela REN ANEEL 1.059, de 07.02.2023)

I - reconfiguração dos circuitos e remanejamento da carga; (Incluído pela REN ANEEL 1.059, de 07.02.2023)

II - definição de outro circuito elétrico para conexão da geração distribuída; (Incluído pela REN ANEEL 1.059, de 07.02.2023)

III - conexão em nível de tensão superior ao disposto no inciso I do caput do art. 23; (Incluído pela REN ANEEL 1.059, de 07.02.2023)

IV - redução da potência injetável de forma permanente; (Incluído pela REN ANEEL 1.059, de 07.02.2023)

V - redução da potência injetável em dias e horários pré-estabelecidos ou de forma dinâmica; (Incluído pela REN ANEEL 1.059, de 07.02.2023)

É igualmente mandatório que a concessionária forneça um relatório validando a injeção de fluxo de potência e detalhando alternativas, incluindo orçamento de conexão.

§ 2º O estudo da distribuidora de que trata o § 1º deve compor o orçamento de conexão e conter, no mínimo: (Incluído pela REN ANEEL 1.059, de 07.02.2023)

I - análise e demonstração da inversão do fluxo com a conexão da microgeração ou minigeração distribuída, incluindo a máxima capacidade de conexão e escoamento sem inversão de fluxo; (Incluído pela REN ANEEL 1.059, de 07.02.2023)

II - análise das alternativas dispostas no § 1º e outras avaliadas pela distribuidora, identificando as consideradas viáveis e a de mínimo custo global; e (Incluído pela REN ANEEL 1.059, de 07.02.2023)

III - responsabilidades da distribuidora e do consumidor em cada alternativa. (Incluído pela REN ANEEL 1.059, de 07.02.2023)

Este processo é fundamental para a integração eficaz da geração à rede elétrica.

Em alguns casos, as concessionárias estão negando a conexão da geração com a rede, mas de acordo com o Artigo 15 da REN 1000/2021 temos:

Art. 15. A conexão das instalações ao sistema de distribuição é um direito do consumidor e demais usuários e deve ser realizada após solicitação, mediante a observância das condições e pagamentos dos custos dispostos na regulação da ANEEL e na legislação.

É de direito do cliente solicitar que a concessionária disponibilize os estudos que fundamentam a inversão de fluxo e os orçamentos das possibilidades para a conexão da sua geração, como podemos ver no Artigo 78 da mesma norma.

Art. 78. A distribuidora deve disponibilizar ao consumidor e demais usuários, sempre que solicitado, os estudos que fundamentaram a alternativa escolhida no orçamento estimado ou no orçamento de conexão, em até 10 dias úteis.

Também é permitido que o cliente realize estudos de fluxo de potência de modo que assim possa confirmar se realmente sua geração estaria oferendo riscos para a concessionária.

Em resumo, a inversão do fluxo de potência é um sinal promissor da crescente adoção de energias renováveis, como a geração fotovoltaica. Embora apresente desafios, essa mudança de paradigma contribui significativamente para uma rede elétrica mais sustentável, eficiente e resiliente, alinhada com os objetivos de mitigação das mudanças climáticas e promoção da segurança energética. Nós da Sensorless Engenharia e Energia Solar realizamos os estudos de fluxo de potência e possuímos os equipamentos e as técnicas necessárias para realizar medições em campo, caso necessário, entre em contato conosco.

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